
As stablecoins viraram parte essencial do mercado cripto, usadas todos os dias em negociações, pagamentos e aplicativos de finanças digitais. Entre elas, duas se destacam: USDT (Tether), a mais usada no mundo, e USDC (Circle), a que mais cresce em ambientes regulados.
As duas possuem o mesmo objetivo de manter valor atrelado ao dólar, mas funcionam de formas diferentes. Transparência, regras de regulação, tipos de reservas e redes em que circulam são fatores que podem mudar totalmente a experiência de quem usa cada uma.
Neste artigo, você vai entender de maneira clara o que diferencia o USDC do USDT, seus pontos fortes, riscos e em quais casos cada uma é mais vantajosa.
Mercado em 2025: USDC x USDT

Fonte: Onchain
O mercado de stablecoins em 2025 é liderado por duas moedas digitais: USDT (Tether) e USDC (Circle). Juntas, elas concentram mais de US$230 bilhões em valor de mercado e dominam diferentes frentes do ecossistema cripto.
O gráfico acima, mostra o crescimento das stablecoins nos últimos anos:
- Linha amarela (USDT): mostra crescimento consistente e sustentado ao longo dos anos, refletindo adoção robusta e dominância.
- Linha azul (USDC): menor, mas em tendência de alta mais acelerada em certos períodos — especialmente após eventos como IPO da Circle e maior adoção institucional e regulatória.
USDT (Tether) — Líder absoluto em liquidez
- Capitalização: acima de US$167 bilhões em setembro de 2025.
- Participação de mercado: entre 60% e 68% do total de stablecoins.
- Principais usos: liquidez em exchanges globais, trading de alta frequência e remessas internacionais.
- Blockchain dominante: TRON.
O USDT é hoje a stablecoin mais usada em transações rápidas, com maior profundidade de mercado e aceitação universal em plataformas de negociação.
USDC (Circle) — Crescimento regulado e institucional
- Capitalização: cerca de US$71–72 bilhões em setembro de 2025.
- Crescimento recente: impulsionado pela IPO da Circle em junho de 2025, avaliada em quase US$7 bilhões.
- Principais usos: pagamentos corporativos, integração bancária e protocolos DeFi.
- Blockchains em destaque: Solana e Base.
O USDC é a opção preferida por instituições financeiras, empresas e protocolos DeFi, principalmente após a Circle se tornar compatível com o regulamento MiCA da União Europeia.
Comparativo direto
- USDT: indicado para quem busca liquidez imediata, baixo custo de envio e presença global.
- USDC: indicado para quem prioriza compliance, transparência em reservas e integração com ambientes regulados.
Regulação e risco jurídico: USDC x USDT em 2025
A regulação de stablecoins se tornou um dos pontos centrais para bancos, fundos e governos em 2024 e 2025. O MiCA (Markets in Crypto-Assets Regulation) da União Europeia, em vigor desde julho de 2024, trouxe regras específicas para emissores de stablecoins, exigindo licença de Instituição de Dinheiro Eletrônico (EMI), auditorias regulares e proteção de reservas.
USDC: em conformidade total com o MiCA
A Circle, emissora do USDC, obteve em julho de 2024 a licença de EMI na França, o que faz do USDC o primeiro grande stablecoin a operar plenamente dentro das normas da União Europeia. Isso garante:
- Supervisão direta pela Autorité de Contrôle Prudentiel et de Résolution (ACPR), regulador francês.
- Obrigações de relatórios de reservas e transparência contínua.
- Reconhecimento jurídico que facilita parcerias com bancos europeus, fintechs e grandes fundos institucionais.
Esse enquadramento posiciona o USDC como a stablecoin mais segura do ponto de vista regulatório, atraindo empresas que precisam de ativos digitais auditáveis e juridicamente sólidos.
USDT: liderança global, mas fora do MiCA
A Tether, emissora do USDT, ainda não buscou enquadramento no MiCA. Embora seja a maior stablecoin do mundo, com mais de US$167 bilhões em circulação, essa ausência regulatória pode gerar limitações:
- Bancos e fundos europeus podem evitar integrações diretas com o USDT por falta de reconhecimento oficial.
- O ativo continua sendo amplamente usado em exchanges e remessas internacionais, mas sem proteção legal explícita dentro da UE.
- A depender do endurecimento regulatório, empresas que operam em território europeu podem ser forçadas a migrar parte de suas operações para stablecoins compatíveis, como o USDC.
USDC x USDT: composição das reservas e nível de confiança
USDC: transparência e auditorias frequentes
A Circle estruturou o USDC para ser visto como o stablecoin mais transparente do mercado.
- Lastro: 100% em caixa e títulos do Tesouro dos EUA de curtíssimo prazo (T-Bills), com liquidez praticamente imediata.
- Gestão: os ativos são alocados no Circle Reserve Fund, um fundo 2a-7 administrado pela BlackRock, com custódia feita pelo BNY Mellon, um dos maiores bancos dos EUA.
- Relatórios: a Circle publica relatórios semanais de reservas e divulga assegurações mensais conduzidas por firmas de auditoria independentes (Big Four).
- Compliance: esse modelo foi determinante para a aprovação da licença EMI na França, que enquadrou o USDC sob as normas MiCA na União Europeia.
Esse nível de transparência dá ao USDC uma vantagem clara junto a bancos, fundos e empresas, que precisam de stablecoins auditáveis e lastreadas em ativos de altíssima qualidade.
USDT: lucro recorde, mas auditorias limitadas
A Tether, emissora do USDT, também mantém grande parte das reservas em títulos do Tesouro dos EUA. Porém, há diferenças importantes:
- Lastro: Além dos Treasuries, uma pequena parte das reservas do USDT está em ativos corporativos, empréstimos garantidos e instrumentos de crédito. Esses papéis não possuem a mesma segurança e liquidez imediata que os títulos do governo dos EUA.
- Relatórios: a Tether divulga atestados trimestrais (não auditorias completas), realizados pela BDO Itália. Esses relatórios confirmam a existência de reservas, mas não têm a mesma profundidade das assegurações mensais do USDC.
- Lucro com juros: em 2025, a Tether reportou lucro líquido de US$4,9 bilhões no 2º trimestre, resultado principalmente dos juros recebidos sobre os Treasuries em carteira. Isso mostra que, além de garantir o lastro do USDT, a empresa transformou suas reservas em uma fonte de receita multimilionária.
Embora o USDT seja financeiramente saudável, sua falta de auditorias completas e maior diversificação de ativos levantam questionamentos sobre o grau de segurança em cenários de estresse ou queda acentuada de liquidez.
USDC x USDT: Em Quais Redes Cada Stablecoin Domina
A escolha da blockchain influencia diretamente taxas, tempo de confirmação e volume transacionado. Tanto o USDT quanto o USDC estão presentes em múltiplas redes, mas cada um consolidou protagonismo em ecossistemas específicos.
USDT: dominância na TRON
- Rede principal: a TRON concentra mais de 70% da circulação do USDT em 2025, segundo dados de emissão on-chain.
- Motivo da preferência: as taxas extremamente baixas e a velocidade de confirmação quase instantânea fizeram da TRON a rede padrão para remessas internacionais e pagamentos P2P em países emergentes.
- Uso global: exchanges, OTCs e carteiras digitais de baixo custo adotaram o USDT via TRON como infraestrutura padrão para liquidez diária, especialmente em regiões da Ásia, América Latina e África.
- Implicação prática: quem precisa mover grandes quantias rapidamente e sem custo elevado quase sempre escolhe USDT-TRON.
USDC: expansão em Solana e Base
- Solana: o USDC é hoje a stablecoin mais relevante na rede, beneficiado por taxas baixíssimas, alta velocidade de execução e integração com DEXs e protocolos DeFi. Grande parte do volume de swaps e empréstimos em Solana é lastreado em USDC.
- Base (rede L2 da Coinbase): tornou-se um hub estratégico para o USDC, dado o alinhamento entre a Coinbase (parceira da Circle) e a adoção institucional. O USDC é o ativo nativo mais usado em pagamentos, DeFi e aplicações financeiras na Base.
- Compliance: a expansão em Solana e Base reforça o posicionamento do USDC como stablecoin de alta performance com respaldo regulatório, atraindo tanto usuários de DeFi quanto empresas que precisam de conformidade legal.
Censura, sanções e congelamento: USDC x USDT
As stablecoins não são apenas tokens atrelados ao dólar — elas também carregam poder de controle por parte dos emissores. Tanto a Circle (USDC) quanto a Tether (USDT) possuem mecanismos para congelar ativos em endereços sancionados ou suspeitos de atividades ilícitas.
USDC: compliance rigoroso e regras públicas
- A Circle mantém políticas claras de bloqueio em conformidade com normas como OFAC (Office of Foreign Assets Control, nos EUA) e regulamentos europeus.
- Os endereços bloqueados ficam visíveis on-chain, e o processo segue padrões documentados, o que dá maior previsibilidade às empresas que usam USDC em operações reguladas.
- O rigor da Circle nessa prática foi um dos fatores que facilitaram a aprovação da licença EMI na França e a conformidade com o regulamento MiCA da União Europeia.
USDT: congelamentos bilionários, mas com atrasos
- A Tether informou ter congelado mais de US$2,9 bilhões em ativos até julho de 2025, em cooperação com autoridades internacionais.
- Apesar disso, estudos independentes apontam que o processo de congelamento do USDT pode demorar dias ou semanas, reduzindo sua eficácia em situações que exigem resposta imediata, como bloqueio de fundos ligados a golpes ou atividades criminosas.
- Essa diferença de velocidade gera críticas: enquanto o USDT oferece maior liquidez e menor intervenção, também pode ser visto como menos eficiente em combate a ilícitos.
O dilema do usuário
- USDC: mais adequado para empresas e instituições que priorizam compliance e precisam de previsibilidade jurídica.
- USDT: preferido por usuários que buscam liquidez e liberdade, ainda que com risco de atrasos na resposta regulatória.
Casos de uso: quando escolher USDC ou USDT
Embora ambos sejam stablecoins atrelados ao dólar, USDC e USDT atendem a necessidades diferentes dependendo do perfil do usuário, da rede utilizada e do nível de exigência regulatória.
Trading e liquidez global → USDT
- O USDT é a stablecoin mais usada em exchanges centralizadas no mundo todo.
- Está presente como par de negociação em praticamente todos os ativos, de Bitcoin a altcoins emergentes.
- Sua profundidade de mercado garante menor slippage e maior volume disponível para grandes operações.
*Se o foco é liquidez imediata para trading, o USDT ainda é a escolha padrão.
Pagamentos corporativos e operações reguladas → USDC
- O USDC é totalmente compatível com o MiCA na União Europeia, graças à licença de Instituição de Dinheiro Eletrônico (EMI) na França.
- Essa estrutura regulatória torna o USDC a stablecoin preferida por bancos, fintechs e empresas multinacionais que precisam de ativos digitais auditáveis.
- Além disso, a Circle publica relatórios semanais de reservas e assegurações mensais, aumentando a confiança para uso em operações corporativas.
*Para empresas e instituições financeiras, o USDC é a escolha mais segura.
DeFi e inovação em blockchains de alta performance → USDC
- Em Solana, o USDC é a stablecoin dominante em DEXs e protocolos DeFi, graças à latência ultrabaixa e às taxas quase nulas.
- Em Base, rede L2 da Coinbase, o USDC é o ativo nativo mais integrado em pagamentos e finanças descentralizadas, apoiado por sua conformidade regulatória.
*Para quem atua em DeFi, staking, empréstimos e swaps, o USDC é o ativo preferido.
Remessas internacionais de baixo custo → USDT
- O USDT na TRON se tornou o padrão global para envio de dinheiro transfronteiriço, especialmente em países da Ásia, América Latina e África.
- Taxas baixíssimas e transações quase instantâneas fazem com que seja usado em remessas P2P, câmbio paralelo e pagamentos digitais.
*Para transferências rápidas e baratas, USDT-TRON é a melhor alternativa.
Riscos práticos para o investidor da USDC e USDT
Mesmo sendo ativos atrelados ao dólar, stablecoins não são isentas de riscos. Quem utiliza USDC ou USDT precisa avaliar não apenas a paridade com o dólar, mas também fatores estruturais que podem impactar a segurança e a liquidez.
1. Risco de rede
- Congestionamento e instabilidade em blockchains específicas podem atrasar ou até paralisar transações.
- Exemplo: no passado, a Solana enfrentou interrupções temporárias que impactaram o uso do USDC em DEXs.
- Já o USDT na TRON é estável em custos e volume, mas depende fortemente da saúde de uma única rede — o que pode representar vulnerabilidade.
*Investidores precisam avaliar em qual blockchain estão movimentando seus tokens, não apenas o emissor.
2. Risco do emissor
- USDC (Circle): mais transparente, com auditorias frequentes e reservas em caixa/T-Bills; porém, tem política de congelamento rígida, o que pode afetar usuários que operam em regiões com maior risco regulatório.
- USDT (Tether): gera lucros bilionários com juros de Treasuries (US$4,9 bi só no 2º tri de 2025), mostrando solidez financeira. Entretanto, os atestados trimestrais da BDO Itália não têm a mesma profundidade de auditorias completas, levantando questionamentos sobre a composição detalhada das reservas.
*O risco do emissor está ligado a transparência, governança e política de congelamento.
3. Risco regulatório
- Na União Europeia, o USDC já está em conformidade com o MiCA graças à licença de EMI na França, o que reduz riscos jurídicos para instituições financeiras.
- O USDT, por outro lado, ainda não buscou enquadramento no MiCA — o que pode limitar parcerias com bancos europeus e criar barreiras em países que exijam conformidade regulatória.
- Nos Estados Unidos, ainda existe incerteza sobre regras específicas para stablecoins, e mudanças repentinas podem afetar ambos os emissores.
*O risco regulatório pode determinar onde cada stablecoin é aceita ou barrada.
4. Risco de taxa de juros
- Tanto a Circle quanto a Tether aplicam reservas em títulos do Tesouro dos EUA.
- Com os juros altos de 2024–2025, emissores tiveram lucros recordes (como a Tether em 2025).
- Porém, queda nas taxas de juros reduziria significativamente essa receita, o que pode impactar a capacidade dos emissores de manter operações, investimentos e resiliência a crises.
*Esse risco é indireto para o investidor, mas afeta a sustentabilidade do modelo de negócios dos emissores.
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